domingo, 2 de junho de 2013

Desafio 2013: Caminho Francês, A logistica (parte II)

Continuação da reportagem "A Logistica (parte I)"

Muitas contrariedades temos vindo a encontrar no sentido de reunir apoios, principalmente pela situação actual do país que remete cada particular ou empresa a ponderar sabiamente todos os gastos, ainda que seja válida a proposta, como foi o nosso caso, sob o nosso ponto de vista, claro!

Após diversos contactos estabelecidos com empresas e mesmo particulares, não nos foi possível dispor de qualquer apoio financeiro, no entanto conseguimos apoios ou colaborações de outra ordem. Felicitamos-nos já com as colaborações finais da ProfbikeJorbi, PAVA NaturaLaser Site, O Polvo, Lancar e "O Praticante".

O nosso frontal sofreu algumas alterações face à parceria desenvolvida com a Laser Site e de acordo com a opinião geral do grupo de aventureiros.

O grupo inicial de 4 elementos também se alterou face ao inicial. Por motivos pessoais o Miguel Serra foi substituído pelo Marco Lopes a escassas semanas de partirmos para realizar o Caminho Francês e também se resolveu o método de transporte inicial e final, tendo ficado a colocação inicial da carga e aventureiros para o local de partida a cargo do Filipe Rodrigues (Zona 55) e a recolha final da zona de terminus a cargo do Rui Santos, com a ajuda do atrelado acabadinho de construir para levar as nossas bikes e todo o restante material.

Após o surgimento da ideia há cerca de ano e meio, finalmente avançámos para a concretização deste projecto: um atrelado pensado para transportar bicicletas nas nossas deslocações. A ideia original foi minha (João Valério) e contei com a ajuda de Filipe Rodrigues, Rui Santos, Adriano Valério e Joaquim Rodrigues para a sua concretização, tendo sido investido muito trabalho e algum dinheiro, mas em relação a este assunto em breve será aqui publicada uma reportagem dedicada. Avançando, este é o "menino" que nos irá servir de transporte para as bikes e restante material.

Quanto à forma de transportarmos os nossos haveres ao longo da travessia, todos os 4 elementos do grupo optaram por utilizar atrelados nas suas bicicletas. Assim, todos iremos estar em pé de igualdade a nível de esforço físico e de transporte da carga. Os atrelados pesam desde 5,200kg (o mais leve) até aos 8,300kg (o mais pesado), sendo que apenas um deles é de fábrica, um outro é a junção de duas peças de marcas diferentes e os restantes dois são de fabrico artesanal. Os pesos finais de atrelado + carga rondam entre os 16kg e os 23kg. As listas de material a levar foram ponderadas e reponderadas de forma a levar o menor peso possível. Irá ser para nós uma estreia a nível de travessias com atrelados. Da lista geral, além de mudas de roupa e equipamento suplente (capas de chuva, botins, luvas c/ e s/ dedos), constam algum material suplente (pastilhas, elos de corrente, cabos de mudanças, pneus, câmaras de ar...), chaves diversas, 2 GPS, 1 GoPro, notebook e smartphones, cabos de ligação diversos, corda para atrelar/estender roupa e molas, medicamentos e farmácia diversa (dor de cabeça, diarreia, pensos rápidos, protector solar, creme anti-insectos, dores musculares...), nutrição desportiva (gel, barras, isotónicos, recuperadores...).

Agora julgamos que tudo está a postos para iniciarmos o nosso grande desafio, veremos se conseguiremos cumprir com os objectivos diários das etapas que estipulámos, apesar de serem um pouco extensas a nível de distâncias, mas é o tempo que temos disponível. Vamos basear-nos no track único que já recolhemos de todo o caminho e de onde tirámos algumas conclusões, porém, todos aqueles que contactámos e que já realizaram este Caminho nos dizem que não é necessário GPS, pois o percurso está todo ele bem marcado.

O cartaz também já está aprovado e finalizado e é sem dúvidas o mais bonito de todos os que já fizemos anteriormente para aprimorar e divulgar os nossos Caminhos de Santiago.

Desejem-nos sorte porque vontade não nos falta.

02 de Junho de 2013








Participação da equipa (Sentieiras)

Representação a cargo de:
50km - João Valério

Foi um dia de calor que marcou a minha 1.ª participação e também a representação da Zona 55 neste evento que vai já na 3.ª edição, cuja Organização ficou mais uma vez a cargo do Centro Popular de Cultura e Desportos de Sentieiras, uma pequena aldeia do concelho de Abrantes que situa numa zona de terreno bastante acidentada, rodeada de "paredes" por todos os lados.

O estacionamento foi no campo de futebol, uma das poucas zonas em que se encontram alguns metros planos, pois as ruas e casas ficam na grande maioria espalhadas ao longo de subidas e sucalcos. Em redor avistamos somente pinhais e montes, por entre os quais podemos encontrar diversas linhas de água. 

Após o levantamento ordenado e rápido dos dorsais no secretariado que igualmente se situou no campo de futebol, bem como os balneários, impôs-se um pequeno aquecimento de regresso ao centro da aldeia onde se encontrava fixado o arco de meta.

A partida foi dada à hora prevista, após alguma confusão na colocação dos cerca de 100 participantes, pois os da frente ocupavam toda a largura da estrada não permitindo aos restantes que iam chegando passar para a parte de trás. Aos conhecedores da zona previam-se grandes dificuldades face ao tipo de terreno, com constantes sobe e desces.


Um problema mecânico devido à substituição da corrente velha por uma nova mesmo antes da prova deu-me chatices e dores de cabeça qb, pois o barulho e as constantes falhas na colocação de mudanças rapidamente me fizeram esquecer alcançar uma boa classificação, ou melhor, o possível para as minhas capacidades. Esta seria a derradeira prova antes da minha ida até França para percorrer os 900km do Caminho Francês.

Após a corrente ter começado a colaborar, lá consegui recuperar alguns lugares, mas os parte-pernas eram muitos e não me permitiam grande andamento. Acabei por pisar os calcanhares ao José Gouveia, que seguia com dores intensas no joelhos e por isso a ritmo bastante lento acompanhado pelo Jorge Varetas que ia dando apoio psicológico e fazendo companhia. Decidi juntar-me a eles e optar por desfrutar da bonita paisagem. 

Tal como o título do evento informava, fiquei a conhecer diversos açudes ali na zona, muito bonitos por sinal com cascatas magníficas e água bem fresquinha.  

Ao longo do percurso, encontrámos algum trabalho no terreno com a limpeza de mato e abertura de novos trilhos. A nível de marcações considerei que poderia ter estado muito melhor, pois apanhámos muitas descidas rápidas com curvas repentinas apenas indicadas com uma seta no seta e fita, sem outras indicações anteriores a prever a viragens, o que levou muitos dos participantes a perder-se diversas vezes. 

Os trilhos foram quase na totalidade realizados fora de povoações, dando mais atenção à paisagem rural. 

Passámos sobre muitas pontes e açudes de beleza ímpar a convidarem a um mergulho... 

... e aceitei o convite, porém a água onde mergulhei estava tão fria que até custava a respirar. Uma opção estúpida, pois esta tonteira deixou-me rouquidão durante pelo menos 2 semanas. É para aprender a ter juízo. Mas que  soube bem, lá isso soube! 



Além deste açude, contei pelo menos mais três, todos bonitos e onde se sentia grande fresquidão, alguns deles com passagens por entre canaviais e bosque quase serrado sobre paletes ali colocadas para nossa passagem.



A nível de abastecimentos, tiveram boa quantidade e variedade de artigos e águas, mas talvez um pouco mal localizados face às distâncias e locais em concreto. 

Um single track algo técnico e sobre uma zona sobre-elevada levou-nos até praticamente à meta e ao bem-vindo banho da praxe, com condições suficientes nos balneários do campo desportivo local.

O almoço foi uma autêntica festa popular, num ambiente animado e simpático, onde nada faltou e todos poderam repetir a comida (dois pratos no menu) e/ou a bebida. A cerimónia de prémios foi realizando à medida que o almoço ia decorrendo.

Fiz-me acompanhar da Sofia, também sócia da Zona 55, que deu uma ajuda na recolha de fotos para posterior divulgação no artigo a publicar na revista desportiva "O Praticante". 

Difícil foi sair dali, pois os amigos e conhecidos eram muitos e a cerveja não parava de chegar às mesas. À mistura e criando um ambiente mais vivo, música ambiente e também a participação de uma figura local que foi contando umas anedotas e fazendo umas adivinhas, em simultâneo ia-se jogando o belho ali ao lado enquanto a maioria dos locais estavam de ouvido no relato de futebol referente ao jogo que se encontrava a decorrer em Aveiro para a taça da Inatel, em que a equipa local era finalista e acabou por vencer, mas sem qualquer assistência da população, pois tiveram de ficar todos a ajudar no evento de btt para que tudo corresse de acordo com o previsto. Uma prova que aconselho, mas venham com o treino em dia, porque aqui não há facilidades, nem a nível de percurso, nem a nível de empinar umas bejecas. Deixo uma obrigado e abraço especial ao meu amigo Rui Batista, membro da Organização.

CLASSIFICAÇÕES 25KM / 50KM
01.º - 01:17:10 - Sérgio Campos (Jorbi Test Team)
02.º - 01:21:25 - Nuno Segundo (Branquinhos do Pedal)
03.º - 01:26:41 - José Lavrador (BTT Panascos)
62.º - 04:20:04 - Último

01.º - 02:27:04 - Pedro Ruivo (individual)
02.º - 02:29:44 - Hugo Marques (Branquinhos do Pedal)
03.º - 02:30:31 - Fernando Silva (BTTrupe/ADC Pereiro)
22.º - 03:51:26 - João Valério (Zona 55/O Praticante)
26.º - 04:30:00 - Último

ÁLBUNS DE FOTOS


VÍDEO-RESCALDO



Créditos à reportagem
Textos: João Valério
Fotos: Zona 55 (Sofia Lopes), Ricardo Soares e Jorge "Varetas"
Vídeo: Zona 55 (João Valério)