Representação a cargo de:
João Valério
Estágio 2 - Pedalar e pagaiar pela região de Granadilla.
Estágio 3 - Descendo ao longo do Rio Jerte
PERCURSOS REALIZADOS versus PROGRAMADOS
João Valério
A concentração do grupo de aventureiros à descoberta da Extremadura foi junto ao Parque Eduardo VII (Lisboa), onde reuniram promotores, organizadores, guias e participantes desta Press Trip.
Com o material já emalado e carregado na carrinha da Passeios & Companhia, iniciámos a viagem de 400km entre Lisboa e Cáceres.
O nosso Quartel-General para a estadia de 3 dias na Extremadura foi o Hotel NH Collection Palacio de Oquendo, um antigo palácio recuperado e transformado num moderno e chique hotel localizado bem no centro histórico da lindíssima cidade de Cáceres.
À nossa espera estavam os nossos guias da Origen - Deporte y Naturaleza, que tinham por missão guiar-nos por alguns dos percursos da região em apenas 3 dias, resumindo o melhor possível e em contra-relógio, pois a nossa agenda estava criteriosamente preparada.
Depois das devidas apresentações e como já estávamos atrasados, rapidamente subimos aos quartos de hotel para largar os nossos sacos, sempre a observar toda a beleza que nos rodeava.
Algumas dezenas de metros a pé até à Plaza Mayor de Cáceres, que eu já não visitava há mais de 10 anos e que entretanto foi alvo de grandes obras de remodelação, para almoçarmos no já reservado restaurante.
O restaurante escolhido foi o La Minerva. Um espaço pequeno, mas cheio de personalidade e com comida gourmet de qualidade inquestionável, servida com muita simpatia.
O almoço terminou com um brinde, antes de recolhermos ao hotel para nos equiparmos, buscar o material de reportagem e as bicicletas.
Estágio 1 - Pedalar por Cáceres e arredores.
Com a alteração do fuso horário (+1 hora em Espanha), já começava a ficar escasso o tempo para realizar o percurso previsto inicialmente. Saímos do hotel logo a pedalar pelo interior de Cáceres, onde pudemos desde logo apreciar toda a beleza desta cidade, nomeada Património da Humanidade em 1986, pela UNESCO.
O percurso começou da forma mais conturbada possível, pois um dos participantes logo a seguir à saída da cidade furou ambos os pneus em simultâneo! O dia estava bastante quente e com a barriga ainda cheia do almoço, a vontade de pedalar era pouca, daí que a paragem serviu de adaptação ao ambiente.
Os primeiros quilómetros do percurso foram realizados na sinalizada Rota de Solana y Umbría de la Montaña, com muitas extensões de piso em cimento. A paisagem apresentava-se bastante agreste e seca, dotada de serras em redor.
A parte mais divertida foi alguns singles que, apesar de serem predominantemente em subida, tinham bastante arvoredo, o que nos possibilitou muitas sombras para nos livrarmos do calor.
Subimos até ao ponto mais alto do dia, situado junto do Santuário da Virgem da Montanha, a pouco mais de 600 metros de altitude. Aproveitámos a existência de fontes para nos refrescarmos antes de prosseguirmos viagem e descermos de regresso ao perímetro urbano de Cáceres.
Utilizando algumas extensões de ciclovias, rodeámos a cidade e tomámos a direção de Los Barruecos.
Os quilómetros seguintes levar-nos-iam para uma paisagem totalmente diferente daquela que víramos na primeira parte do percurso. Olhando em redor não me apercebi de qualquer marcação indicativa de percursos a seguir, mas os nossos guias trataram disso, no entanto é possível fazer um levantamento prévio em Rutas por el monumento natural Los Barruecos.
Por estas bandas de enormes planícies e campos de pastagem, o piso é firme e a dificuldade do terreno é fácil, sem zonas técnicas nem subidas. O tempo estava agora bem mais ameno e suportável, à semelhança do percurso.
Além do edifício Museu Vostell, onde se encontram diversas obras do visado artista alemão Wolf Vostell, bastante originais e discutíveis, também encontrámos algumas delas ao longo do percurso que realizámos.
Para terminar o nosso primeiro dia de btt não podíamos ter tido melhor pano de fundo, junto de uma das inúmeras charcas (pequenos lagos) existentes nesta região. Seguimos depois de regresso a Cáceres, já noite e auxiliando-nos da carrinha dos nossos guias.
O jantar estava-nos reservado no glamoroso restaurante do Parador de Cáceres onde, apesar de possuir uma sala interior, aproveitámos a noite quente para ocuparmos uma das mesas dispostas no bonito jardim deste antigo e requintado palácio.
O jantar foi novamente um hino à cozinha moderna, com diversos pratos gourmet, bem regados por vinho de casta local. O serviço de mesa foi impecável e bastante simpático.
Para terminar o nosso primeiro dia em Cáceres, decidimos desentorpecer as pernas e fazer uma passeata noturna pelas animadas ruas da cidade, apesar de se tratar de uma terça-feira. A nossa escolha, dada a proximidade ao hotel, foi o bar-pub Mistura, propriedade de um brasileiro ali emigrado. Depois de uns isotónicos (??), voltámos ao QG já com as baterias a precisarem de recarregar.
Eram 07h00 quando o despertador tocou para o pequeno-almoço tomado na sala de refeições do hotel NH Collection. Tudo arrumado e pronto para mais um dia de btt, hoje para uma zona afastada de Cáceres, na região de Granadilla. Para tal tivemos de viajar de carrinha 130km até ao local previsto. |
A pedalada começou desde logo com um subida que nos levou até aos 610m de altitude, permitindo-nos uma extraordinária vista, num local muito próximo da zona atravessada pela famosa Via de la Plata, rota de peregrinação religiosa conhecida de todo o bttista aventureiro que se preze.
Ainda não tínhamos pedalado por aí além e a vítima do costume: Miguel David, apesar de ter trocado de montada, furou novamente e em ambas os pneus. O Miguel não o fazia por menos... parecia ter íman a tudo quanto era afiado e passível de esburacar pneus.
Devido a diversas contrariedades e contra-tempos, o percurso teve de ser adaptado rapidamente pelos nossos guias, que optaram por encurtar em alguns quilómetros o passeio matinal.
Rapidamente chegámos ao antigo povoado amuralhado de Granadilla. Dotado de um pequeno castelo e com entrada única vedada por um enorme portão, o qual se encontra fechado fora do horário de visitas. No interior encontramos um casario de fachadas multicolores e antigas, carregadas de história, porém só estão recuperados os edifícios localizados na rua principal e numa rua lateral, bem como o castelo, o restante está em ruínas, mas vale bem uma visita demorada.
Do topo da torre do bonito castelo confirmamos que estamos totalmente cercados de água, à excepção de uma única estrada. Toda a paisagem é dominada pela enorme barragem de Gabriel y Galán, servida pelo rio Alagón. Ao fundo avistamos montanhas. Infelizmente, nem aqui nem nos arredores encontramos qualquer tipo de comércio, excepção feita a um dos edifícios existente no interior do povoado onde servem algumas refeições, o que não pude atestar.
A saída desta "quase" ilha fez-se da forma mais natural possível: de barco! Não foi preciso pedalar muito até uma das margens da barragem onde, veio ao nosso encontro um dos guias, pagaiando num caiaque e rebocando mais outros três. O nosso percurso de bicicleta terminava por aqui hoje. Aproveitei a espera para um mergulho nas águas doces e mornas da barragem até à chegada do transporte fluvial. Depois foi carregar da melhor maneira possível as bikes sobre os kayaks e remar até à outra margem onde nos esperavam as carrinhas para nos levarem até Plasencia, que dista 40km dali.
Para o almoço haviam-nos reservado mesa no restaurante Hostal Real, no centro de Plasencia. A fachada exterior esconde umas instalações e decoração interiores deveras atrativas. A qualidade da comida, a simpatia dos funcionários e os preços económicos explicam a predileção dos nossos guias pelo estabelecimento. Foi com enorme surpresa que descobrimos que uma das funcionários é nossa compatriota e oriunda de Viana do Castelo. Fiquei fã deste espaço e, um dia que esteja de passagem por estas bandas, voltarei para visitar e tomar uma refeição.
O almoço foi bastante animado, conforme o foram todas as outras refeições do grupo, com muita galhofa e nós a fazermos trocadilhos com as semelhanças e diferenças entre a ortografia e a dicção das palavras em espanhol e em português.
Aproveitámos a presença da carrinha com os kayaks sit-on-top e, à tarde, por unanimidade o grupo decidiu fazer um passeio na barragem de Valdeobispo. Descansámos os músculos das pernas e forçámos os dos braços. Esta barragem preenche de água um estreito vale, muito utilizado para pesca, mas igualmente para observação de aves protegidas.
Regressámos ao nosso Quartel-General ao final do dia, percorrendo os 80km que nos separavam auxiliando-nos novamente da carrinha, tempo que aproveitámos para descansar um pouco antes do banho merecido e do jantar.
O jantar foi desta vez no restaurante El Figón de Eustáquio, situado mesmo defronte ao nosso hotel, a escassos 20 metros de distância. A noite estava fresca e por isso optámos por jantar numa das salas interiores ao invés das mesas dispostas no exterior e frente ao jardim público. Tal como já estávamos habituados, o menu era gourmet e de ótima qualidade e, à semelhança dos restantes restaurantes que já havíamos experimentado, aqui também se servem os tradicionais pratos extremeños com uma apresentação moderna, como o foi o caso da sopa de tomate e do gaspacho.
Como não podia deixar de ser, o jantar terminou com um brinde. Seguiu-se uma visita guiada pela zona histórica de Cáceres. Para nossa satisfação, o guia (espanhol) falava português fluente e levou-nos a viajar na história ao longo de 90 minutos, descrevendo-nos a história e histórias ali ocorridas em tempos idos. Tivemos ainda a oportunidade de espreitar as filmagens da 7.ª temporada da Guerra dos Tronos, que estava a ser gravada ali mesmo nas antigas ruas de Cáceres e que irá ser transmitida em Portugal em 2017.
Para terminar este dia, havia que aproveitar a nossa última noite em Cáceres, daí que apesar do cansaço nas pernas e braços, o duo de representantes da revista Freebike ainda se aventuraram na vida noturna, com uma breve visita ao original bar Mastropiero, Gastrobar y Jardín, um bonito snack bar possuidor de um jardim privado onde se pode conversar calmamente saboreando umas tapas.
Na manhã do nosso terceiro dia de estadia, a vontade de levantar da enorme e confortável cama já era pouca, mas tinha de ser. Depois do pequeno-almoço fizemos as malas e reunimos-nos na receção para o check-out. De seguida esperava-nos mais uma viagem de carrinha, desta feita com 120km pela frente até à zona do Valle del Jerte, muito famosa pelos seus pomares de cerejeiras e fortes tradições locais, como é o caso das Jarramplas - uma espécie de tomatina, mas em que se lançam nabos.
Montámos nas bicicletas um pouco acima da localidade de Tornavacas, a partir daí foi (quase) sempre a descer até final da etapa. Começámos com alguns quilómetros por um caminho em cimento armado e passagens pelo interior de pequenas e típicas aldeias. Um pouco à frente entrámos na terra batida, realizando alguns quilómetros da Rota D Carlos V, toda ela devidamente sinalizada, com alguns single-tracks - um percurso excelente para umas descidas "à bruta" ou parafraseando o grito dos nossos amigos espanhóis, aqui... "no ay amigos".
O "ponto alto" do dia foi a passagem por Los Pilones, na Reserva Natural Garganta de los Infiernos, onde tivemos de fazer a travessia por uma ponte de madeira sobre as enormes pedras gastas pelo rio, que formou diversas piscinas ao longo do seu leito. A entrada e saída do local têm obrigatoriamente de se fazer com a bicla às costas, pois o terreno é bastante agreste.
Já após abandonada a Rota D. Carlos V, tivemos uma passagem por floresta densa cujo caminho de saída estava bloqueado por diversas e enormes pedras, cuja terra havia sido arrastada pelo degelo da neve das montanhas no decorrer da última Primavera. A extensão a pé foi de apenas algumas dezenas de metros, pelo que aproveitámos para conversar mais um pouco sobre esta região com os nossos guias.
Na povoação de Navaconcejo, já quase a terminar a nossa terceira e última etapa, partilhámos o percurso comum à conhecida prova de btt internacional Madrid-Lisboa. O rio Jerte fez-nos companhia durante quase todo o percurso, onde com facilidade encontramos comércio e fontes para nos abastecermos ao longo da jornada.
A aventura de btt na Extremadura terminou no Camping do Valle del Jerte, onde comemorámos com uma foto de grupo na praia fluvial local. Depois do banho tomado, voltámos à carrinha para regressarmos novamente à cidade de Plasencia para o bem-vindo almoço, novamente tardio e à boa maneira espanhola.
A nossa última refeição realizou-se no imponente Parador de Plasencia, implantado no antigo edifício do Convento de São Domingo, construído no século XV. O almoço alancharado, devido à adiantada hora do dia, serviu de despedida entre todo o grupo de envolvidos nesta viagem de cariz turístico, desportivo e gastronómico. A comida foi mais uma vez de enorme qualidade e o edifício e decoração convidam a uma visita demorada no local.
E antes do regresso a Portugal, ainda reinei um pouco por terras espanholas, ponderando desde logo uma ideia para uma aventura btt que ficou em lume brando com os nossos guias e amigos espanhóis. O futuro dirá se realizaremos tal projeto... resta-me agradecer a todos os envolvidos, em especial ao Gonçalo, pelo convite de integrar este grupo.
Nota: Não percam também a reportagem a sair na edição de Dezembro de 2016 da revista Freebike!
Nota: Não percam também a reportagem a sair na edição de Dezembro de 2016 da revista Freebike!
PERCURSOS REALIZADOS versus PROGRAMADOS
Rota 1: Cáceres/Barruecos (30,46km) / Rota 1:Vale de Flores/Los Barruecos (36,70km)
Rota 2: Tierras de Granadilla (14,34km) / Rota 1: Tierras de Granadilla/Caparra (31,25km)
Rota 3: Jerte/Plasência/Garganta de los Infiernos (25,02km) | Rota 3: Tornavacas/Puente del Torno (38,11km)
ÁLBUNS FOTOGRÁFICOS
António Baganha - Álbum 3
Edu Mostazo - Álbum 1
Edu Mostazo - Álbum 2
Edu Mostazo - Álbum 3
João Valério
Créditos à reportagem
Texto: João Valério
Fotos: António Baganha, Chema Gallego, Eduardo Gracía, João Valério e estabelecimentos identificados.
Vídeo: Clube de BTT Zona 55
Edu Mostazo - Álbum 1
Edu Mostazo - Álbum 2
Edu Mostazo - Álbum 3
João Valério
Créditos à reportagem
Texto: João Valério
Fotos: António Baganha, Chema Gallego, Eduardo Gracía, João Valério e estabelecimentos identificados.
Vídeo: Clube de BTT Zona 55
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