quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Fim do mundo: o motivo da agitação!

Iremos continuar a fazer BTT em 2013?

O mito

Arqueólogos de diversos países reuniram-se em 2011 no Estado de Chiapas, uma área repleta de ruínas Maias no sul do México, para discutir a teoria apocalíptica de que esta antiga civilização previra o fim do mundo no próximo dia 21 de Dezembro de 2012.


A teoria, amplamente conhecida no México e contada aos visitantes, tanto ali como na Guatemala, Belize e outras áreas onde os Maias também se estabeleceram, teve a sua origem no monumento n.º 6 do sítio arqueológico de Tortuguero e num ladrilho com hieróglifos localizado em Comalcalco, ambos centros cerimoniais em Tabasco, nos sudeste do país.

O monumento faz alusão a um evento místico que ocorreria no dia 21 de Dezembro de 2012, durante o solstício de inverno, quando Bahlam Ajaw, um antigo governante daquele local, se encontraria com Bolon Yokte', um dos deuses que, na mitologia Maia, participaram no início da era atual. 
Até então, as mensagens gravadas em estelas (monumentos líticos, feitos num único bloco de pedra, contendo inscrições sobre a história e a mitologia Maias), eram interpretadas como uma profecia Maia sobre o fim do mundo.

Entretanto, segundo o Instituto Nacional de Antropologia e História (INAH), uma revisão das estelas pré-hispânicas indica que, na verdade, nesta data de 21 de Dezembro, os Maias esperavam simplesmente o regresso de Bolon Yokte'.
"(Os Maias) Nunca disseram que haveria uma grande tragédia ou o fim do mundo em 2012" - disse à BBC o arqueólogo Rodrigo Liendo, do Instituto de Pesquisas Antropológicas da Universidade Autónoma do México (UNAM). "Essa visão apocalíptica é algo que nos caracteriza, ocidentais. Não é uma filosofia dos Maias."

Outras interpretações
Sven Gronemeyer
Durante o mesmo encontro realizado em Palenque, que abriga uma das mais impressionantes ruínas Maias de toda a região, o arqueólogo Sven Gronemeyer, da Universidade Australiana de Trobe, e a sua colega Bárbara MacLeod, fizeram uma nova interpretação do 6.º monumento de Tortuguero.

Para eles, os hieróglifos inscritos na estela referem-se ao culminar dos 13 baktunes, os ciclos com que os Maias mediam o tempo. Cada um deles era composto por 400 anos.

"A medição do tempo dos Maias era muito completa", explicou Gronemeyer. "Eles faziam referência a eventos no futuro e no passado e, há datas que são projetadas para centenas de milhares anos no futuro", afirma. 

Laura Castellanos
"As profecias apocalípticas revelam mais sobre nós do que sobre os Maias."

Para a jornalista Laura Castellanos, autora do livro "2012 - Las Profecias del Fin del Mundo", o sucesso da teoria apocalíptica junto à cultura ocidental deve-se a uma "onda milenarista" que, segundo ela, "antecipa catástrofes ou outros acontecimentos de cada vez que se completam dez séculos".

Para Laura, este tipo de efeméride é reforçada por uma "crise ideológica, religiosa e social".

Ela observa que as profecias sobre 2012 não têm somente uma "vertente catastrófica", mas também uma linha que "prognostica o despertar da consciência e o renascimento de uma nova humanidade, mais equitativa"

A crença
A asséptica explicação científica e histórica vai de encontro à crença popular no México, um país onde há quem procure adquirir conhecimentos necessários para sobreviver com o seu próprio cultivo de alimentos em caso de uma catástrofe mundial.

Muitos dos que vivem fora, procuram regressar ao país porque sentem que precisam estar em casa na data em questão e, há empresas que oferecem espaço em bunkeres subterrâneos, com todas as comodidades.

Afinal, o possível fim do mundo também é negócio. O próprio governo mexicano, lançou uma campanha para promover o turismo no sudeste do país, onde estão localizados os sítios arqueológicos Maias.

Do recurso à exploração e divulgação da crença, muitos governos dos Estados do México onde existem ruínas da antiga civilização Maia, registaram fortes aumentos na chegada de turistas.

Adaptação por  J.V.