domingo, 12 de outubro de 2014

Participação da equipa (Serra - Tomar)

Representação a cargo de:
30km - José Silva
50km - João Valério

A equipa Patos do Mato, cuja existência é relativamente curta, realizaram o seu primeiro Raid e, como não podia deixar de ser, fomos marcar presença apoiando malta aqui da nossa zona.  

A concentração foi no campo de futebol local, onde alguns elementos do staff ajudaram à ordenação do espaço os transportes dos mais de 300 participantes. A partida e chegada foi igualmente ali, a escassas centenas de metros da localidade de Serra (Tomar). Olhei à minha volta e vi alguns jipes de colaboradores ao evento, o que não me deixou nada confortável, pois costuma ser sinal de dureza ao longo do percurso, pois este pessoal pensa que o pessoal das bicicletas também têm motor... bem, alguns até parece que têm.

Após algumas semanas de boa divulgação da Organização, principalmente através do Facebook, com fotos do bastante trabalho realizado ao longo das margens da Barragem de Castelo de Bode, muita gente quis aparecer para confirmar isso mesmo e, foi com alguma surpresa que as 250 inscrições inicialmente disponíveis se esgotaram com rapidez, obrigando ao alargamento das vagas. 

O José Silva colocou-se, como é seu hábito e face aos seus objetivos pessoais, na frente da linha de partida. Ainda não tinha chovido nesta manhã, mas ainda de partirmos o frio não passava e começaram a cair uns pingos dos grossos. Aproveitei o compasso de espera da Partida e ainda voltei ao carro para vestir o casaco de inverno, quentinho e à prova de água, para vestir por cima do fininho jersey de manga comprida... e foi a melhor ideia que tive em todo o dia.

Já com a manga de partida composta e após o controlo zero, estavam todos ansiosos para partir, porque o frio estava agreste, o céu cinzento e sol nem vê-lo. Após breve briefing, deu-se a saída.

Começámos com a tradicional volta de apresentação por algumas ruas da localidade que acolheu o evento, própria dos eventos btt, onde muitas pessoas coloriam as ruas e saudavam os atletas.

Os primeiros 3km foram para esticar o pelotão, primeiro por asfalto e depois por largos estradões. Para a frente foram desde logo os cavalões e aqueles que tiveram tempo e se acautelaram com um pequeno aquecimento. 

Se o início foi sopa, o pior estava para vir, desde logo com o começo de chuva, por vezes forte, que nunca mais nos largou até final do evento. Alguns mais distraídos e ainda baralhados com o tempo, sem saber muito bem o que vestir, pagaram bem caro a opção de se apresentarem de calçãozinho e manga curta, sem capas de chuva sequer. No meu caso, apesar de levar calções, calcei uns sacos plásticos que bom jeito me deram a manter os pés quentes e secos... aprendam qualquer coisa.

O percurso já por si duro, um verdadeiro parte-pernas como se costuma dizer, com simultâneos sobe e desce às margens da albufeira da barragem, com a chuva que caiu e continuava a cair tornou-se um verdadeiro inferno, principalmente para os praticantes menos experimentados. Tanto a descer como a subir era preciso técnica e agilidade, força física e colaboração constante por parte da bicla que não parava de gingar e dar de lado. 

O José Silva foi para a frente e por lá se manteve, sempre no top 10, ao longo de todo o percurso dos 30km. Já a minha performance foi bem mais modesta, começando num andamento médio-baixo assim me mantive para conseguir atingir o objetivo de completar os 50km a fazer a rodagem à nova cassete e a puxar por uns quilos a mais.

A primeira zona de abastecimento, com muita concorrência. Faltou-lhe uma placa imediatamente antes a indicar a direção do percurso para aqueles que não pretendiam parar.

Conforme anunciado pela Organização, single tracks e trilhos sucederam-se em catadupa, um atrás do outro, enrolados por meio de pinhais, por vales de ribeiros e cabeços com grandes vistaças, trespassando pontes e descendo desfiladeiros, por escarpas e pelo interior de terrenos agrícolas.

A dureza de ambos os percursos foi constante. Simultâneos sobe e desces, sem quaisquer zonas ou extensões que possibilitassem rolar um pouco para recuperar o fôlego, tiravam a paciência ao mais aguerrido bêtetista. À grande maioria dos participantes, era vê-los em fila e de bicicleta à mão, fosse a subir ou a descer, largando uns bitaites ao bom nome da Organização e seus membros, mas depois fiquei parvo quando após o evento ao aceder ao Facebook me deparei só com palavras de satisfação e agradecimento. Epá, mas será que esse pessoal também lá esteve?


As marcações do terreno estiveram impecáveis, com bastantes fitas e pó no chão, na maioria já meio desaparecido de tanta chuva e também placas sinalizadoras, além de outras placas com dizeres engraçados para dar ânimo e divertir o pessoal.

A chuva caiu a bom cair, quase que pareceu um dilúvio! Chutada a vento, batia de lado, de cima, de trás e pela frente. Juntou-se a fome à vontade de comer: dureza em dose dupla. Só as paisagens davam ânimo. Tivemos passagens bastante bonitas por zonas de medronheiros e castanheiros, com o chão cheio de ouriços de castanha e medronhos vermelhinhos.

Encontrámos também bastantes elementos do staff ao longo do percurso, quero dizer... até à separação dos percursos sensivelmente ao km26, porque quem cortou para os 50km notou bem a diferença, mas viu-se a valentia e perseverança dos homens e mulheres da Organização que não arredaram pé dos seus postos, em intercepções e outros, a levar com chuva da grossa mas com grande responsabilidade para com os participantes e o evento.

No terreno e apesar da chuva intensa e constante não faltaram fotógrafos e malta a filmar, foi bonito de se ver. Por certo, se tivesse estado um dia de sol muitos mais seriam.

Não foram precisas só pernas e pulmões, também se impunha o uso de bom material na bicicleta, a nível de transmissão e pneus, principalmente, para conseguir ultrapassar tanto lamaçal e piso escorregadio e irregular.

 
As zonas de abastecimento estiveram muito bem colocadas e com um excelente nível de oferta. Havia lá de tudo, desde fruta e água, sumos, isotónico, bolos, sandes, croquetes e pão com chouriço, eu sei lá... valeu mesmo a pena parar para dar um jeito na bike e aconchegar o estômago para ganhar energia para mais um bom par de quilómetros de luta com a bicicleta, a chuva e o terreno.

Houve quem aproveitasse para desfrutar das paisagens e placas cuidadosamente montadas pela Organização, para tirar umas fotos de recordação. 

O quê!? Ainda vem lá mais chuva?... 

Nos 30km anunciados, que acabou por resultar em quase 34km, a altimetria roçou os 800mt. de acumulado. Uma verdadeira doideira. 

O percurso de 50km, que no meu GPS deu um pouco mais, o acumulado de subida a ultrapassar os 1300m.

O José Silva a conseguir um excelente resultado, terminando em 8.º lugar entre mais de 250 participantes nos 30km. Nas últimas centenas de metros do percurso (comum), mais uma tonteira da Organização em pôr o pessoal todo a passar por uma suposta zona-espetáculo cujo terreno pouco aconselhável, chegou a ter mais de um palmo de profundidade de lama e água: a última fronteira para a glória! Eh eh.

 
Os banhos foram no campo de futebol, junto ao local onde deixámos os carros. A água esteve sempre quentinha até mesmo para os últimos atletas a terminar. Depois rumou-se ao centro da aldeia, edifício da Associação C. D. R. de Serra, onde foi fornecido o almoço, composto de sopa e porco no espeto em doses bem controladas, com oferta de 3 senhas de bebida. O espaço foi bem escolhido e adequado, já a carne achei-a salgada, ou então foi de ser dos últimos a comer e tive azar. O pessoal da equipa do Fôjo-Zybex, que comemorava o seu 5.º aniversário, levou uma grande comitiva e fizeram a festa ali mesmo. No geral gostei desta primeira edição, mas o percurso tem obrigatoriamente de ser revisto, por forma a implementar zonas para rolar, pois esta mais parecia uma pista de XCO e quando se faz um percurso tem de se pensar que nem todos os participantes são regulares bttistas.


ÁLBUNS FOTOGRÁFICOS
André Coimbra
António Patrício da Cruz
João Almeida
Kim BTT
Lena Selway
Patos do Mato I
Patos do Mato II
Prá Lama Bike Team

CLASSIFICAÇÕES
001.º - 01:48:28 - Hugo Moreira (Loja Pódio)
002.º - 01:50:03 - Carlos Simões (ABC Caxarias)
003.º - 01:50:23 - Tiago Valério (ABC Caxarias)
008.º - 01:59:53 - José Silva (Zona 55 Bike Team)
257.º - 05:28:03 - Último

01.º - 02:53:17 - Luís Martins (ZQ3)
02.º - 02:58:59 - Tiago Lavadelas (BTT Assumar/Muachos)
03.º - 03:14:20 - Tiago Gomes (Templários BTT / EA Motors)
42.º - 05:10:03 - João Valério (Zona 55 Bike Team)
49.º - 06:17:45 - Último

TRACKS

Créditos à reportagem
Texto: João Valério
Fotos: Organização.